História do Povoado de São Thomé das Letras
Aborrecido pelos maus tratos que recebia na Fazenda Campo Alegre, um escravo de nome João Antão, que diziam que mantinha um caso com a irmã de seu Senhorio, resolveu fugir e se esconder em algum lugar seguro. Encontrou uma gruta no alto da montanha, que oferecia abrigo e uma ampla visão das montanhas ao redor. Ali, alimentando-se de frutos, raízes e caça, o escravo passou a viver.
Certo dia apareceu ao escravo, um senhor de certa idade, de olhar sereno e fala macia, vestindo roupas brancas. Certamente um padre jesuíta fugitivo das perseguições do Marquês de Pombal, que por aquela época, havia determinado a expulsão de todos os jesuítas do País. O estranho lhe escreveu um bilhete, dizendo-lhe que o entregando ao seu amo, este lhe daria o perdão. Ele, acreditando no que lhe foi dito, voltou à Fazenda.
Ao ler o bilhete, o patriarca da família Junqueira, exigiu que o escravo o levasse a tal gruta. Montou-se uma comitiva que cavalgou até o local. No interior da gruta encontraram uma imagem de um Santo, entalhada em madeira, ao invés do padre Jesuíta.
João Francisco, homem profundamente religioso recolheu a imagem e a levou para casa.A imagem sumiu e reapareceu na gruta por várias vezes. Acreditando ser um milagre, o Capitão mandou erguer uma capela no local.
Data de 1770 o início do povoamento. Neste ano foi concedida a provisão para a construção de uma capela em homenagem ao Santo. Em 1775 foi erguida outra capela, toda em pedra extraída do próprio local.
Antigamente, a região pertencia à Fazenda Campo Alegre, tendo como fundador o Capitão João Francisco Junqueira. Foi ele que iniciou a construção da Igreja Matriz. Ele faleceu em 5 de abril de 1819, sendo sepultado na própria igreja que ele iniciara construção.
Dentre os herdeiros deixados pelo Capitão João Francisco Junqueira, destacou-se seu filho, Gabriel Francisco Junqueira, nascido em 1782. Foi ele que, em 1842, recebeu de D. Pedro II o título de Barão de Alfenas. Faleceu em 1869 e também foi sepultado debaixo do altar, na Igreja Matriz de São Thomé das Letras.
O senhor de vestes brancas nunca mais foi encontrado. Acredita-se que era ele, o próprio São Thomé.
Durante as obras de construção da Igreja, foram encontradas diversas pinturas em tom avermelhado na entrada da gruta, que eram muito semelhantes a letras.
Acreditava-se que estas marcas foram deixadas pelo santo, como prova de sua aparição.
Historiadores atribuem essas pinturas aos índios cataguases, antigos habitantes da região. Outras pessoas preferem acreditar que foram efetuadas por seres extraterrenos, vindos das estrelas pelo caminho de "Sumé".
O nome "Letras" partiu da existência dessas inscrições.
Existem também outras versões da história... São Thomé das Letras teria surgido como rota alternativa para o contrabando de ouro e pedras preciosas, fugindo à fiscalização da coroa portuguesa.
São Tomé das Letras se caracteriza pelas suas pedras formadas há mais de 600 milhões de anos. Chamadas de quartzito ou pedra São Thomé. A cidade é simples e rústica. Tem pouco mais de 7000 habitantes. Como a região fica em cima de uma grande formação rochosa é tudo feito a base de pedra. Desde as ruas, casas, muros, mesas, bancos e até mesmo as igrejas. Há uma grande presença de pedreiras no município.
Empilhadas uma a uma, as pedras cuidadosamente cortadas não necessitavam de cimento ou algum tipo de argamassa, oferecendo segurança e firmeza, como pode-se verificar nas construções do século XVIII ainda existentes na cidade. Com base na economia local, São Thomé das Letras ficou conhecida como a "Cidade das Pedras".
As Ruas assim como as casas são de pedras de quartzito, a extração deste mineral é uma das principais fonte de renda do Município, Extração de Pedra(60%), Turismo (25%), Agricultura e Pecuária (15%) .
São Thomé limita-se com os municípios de Baependi (48Km), Conceição do Rio Verde (32Km), Cruzília (36Km), Luminárias (58Km), São Bento Abade (22Km), Três Corações (44Km) . O município compreende uma área de 368 km2. População: 7.146 habitantes, Rural : 3.327 habitantes e Urbana: 3.819 habitantes conforme o censo de 2007. A sede municipal encontra-se a uma altitude de 1291m (Prefeitura) e tem sua posição determinada pelas coordenadas geográficas de 21° 43' 20" de latitude Sul e 44° 59' 07" de longitude Oeste. O ponto culminante está a 1436m na Serra de São Thomé (Cruzeiro) e o ponto mais baixo na confluência do Rio do Peixe com o Ribeirão Vermelho (Barra Mansa) que tem a altitude de 870m. O relevo do município é predominantemente de colinas e serra, com interessantes formações rochosas e pequenos vales. Apenas 18 cidades brasileiras estão a mais de 1.000m acima do nível do mar. Vale lembrar que as outras cidades situam-se em vales, tendo montanhas um pouco mais altas ao redor. São Thomé é diferente pois situa-se num pico de serra, daí ser a única cidade com visual 360°. O clima é do tipo tropical de altitude, que caracteriza-se por verões brandos e úmidos e invernos secos, o período seco vai de abril a setembro. A média das temperaturas máximas é de 26°C e a das mínimas é de 14°C, a mais baixa temperatura já registrada foi de -1,4°C. Não há época especial para ir à São Thomé. Normalmente o clima é agradável durante o dia, com noites frias.
Lendas
* Chico Taquara morava em uma gruta próximo à cidade. Era conhecido pelas curas milagrosas que fazia, os antigos moradores que tiveram a oportunidade de conhecer essa estranha criatura juram que o viram conversando com animais.
Chico Taquara se tornou uma lenda viva. Passava mel nos cabelos e pendurava argolas de ferro nas pontas, Quando caminhava pelas ruas do povoado levava suas poucas reses e na hora de entrar nas vendas, riscava um círculo no chão, Os animais não saiam desse círculo. Quando batia as mãos nos ombros ou simplesmente palmas, os passarinhos pousavam sobre sua cabeça e seus ombros.
Certa vez uma mulher que ia dar à luz, começou a dores do parto e pediu a seu marido que fosse a procura do Chico. Ao encontrar o curandeiro, Chico disse para o caboclo retornar à sua casa que logo sairia para realizar o parto. Quando o caboclo chegou na sua casa encontrou a esposa na porta segurando o recém-nascido nos braços que com um sorriso exclamou:
- Você não encontrou o Chico pelo caminho? Ele já foi embora a mais de hora.
O caboclo nada entendeu, pois correndo com seu cavalo levou mais de uma hora até sua casa.
Um dia Chico Taquara desapareceu e nunca mais foi visto. Há quem diga que ele ainda esteja vivo, escondido em alguma gruta da região. Conforme os esotéricos, Chico Taquara era um enviado de uma civilização intraterrena e retornou ao interior da Terra após ter cumprido sua missão na superfície.
* O Cantagalo é o nome de uma serra que compõe o bairro rural de mesmo nome, a caminho do povoado de Sobradinho.
O nome originou-se de uma lenda onde os lavradores dizem que por aquelas bandas existia uma cobra muito grande com bico e crista, que cantava como galo. Certa vez um sertanejo que dirigia um trator pela estrada deparou com tal animal que atravessava a sua frente. O susto foi tão grande por não saber onde ficava a cabeça do animal, pois as extremidades se encontravam embrenhadas no mato, que o sertanejo abandonou o trator e saiu em desbalada carreira.
* Gruta que leva a Machu Picchu - Acreditasse que civilizações místicas antigas como a dos Incas, teriam descoberto através de mapeamento astral, a cidade de São Thomé das Letras e desenvolveram uma passagem subterrânea para cá. Outros ainda acreditam que exista uma civilização intraterrena, seres que vivem no centro da terra e estão mais evoluídos intelectualmente. Outros acreditam que o local tem energias curativas e que é capaz de reter energias negativas de quem nele adentra. A própria lenda de Chico Taquara traz a tona, a temática dos poderes e mistérios desta gruta.
O aspecto místico e energético que existe nesta gruta traz a tona muitas Lendas e Historias interessantes.
* O corpo seco: Os "Junqueíra", era como era conhecida a família que outrora era proprietária das terras onde hoje está São Thomé.
Parte dessa família tinha sua sede no alto da Serra de São Thomé. Eram muito rudes com os escravos e estes lhe prepararam uma tocaia.
Num dia de missa, montados em um carro de boi, seguiram viagem rumo a igreja Matriz, onde seria celebrada a missa, ficando em casa somente uma menina de 5 anos, a qual era vigiada por uma escrava. como de costume.
No meio do caminho, os escravos atacaram o grupo com machados foices e facões e os assassinaram.
Para que a menina, que tinha ficado em casa, não fosse morta, a escrava escondeu-a num colchão. Disse para os outros escravos que a menina ouviu gritos e fugiu, correndo para o mato. A casa foi incendiada e os negros fugiram, levando com eles as riquezas e o ouro que seria empregado na Igreja.
Foram montadas vigílias e perseguições aos negros criminosos. Alguns foram capturados, torturados e mortos por fazendeiros, enquanto um pequeno grupo se escondeu numa gruta.
Como era perigoso se expor, ficaram escondidos, morrendo um a um de fome e sede. Seus corpos não apodreceram, secaram. O ouro nunca foi encontrado. Diz a lenda que quem encontrar os corpos secos encontrará o ouro roubado.
* A Toca da Saudade: Numa época remota, ainda dominada pela monarquia. A serra teria sido escolhida para abrigar hansenianos, que naquela época eram isolados em colônias pelo pouco conhecimento da doença e suas formas de transmissão e contágio. Seria este o fator agravante para mais tarde, fundar, no caminho para Três Corações, a Colônia Santa Fé (até hoje em funcionamento). Diz-se que a Toca da Saudade tem este nome por uma verdadeira história de amor, só vista nos filmes. Morava naquelas imediações uma família nativa , cujo o patriarca foi infectado pela doença, tendo que ser separado de seus familiares. Assim, foi isolado na cidade, se abrigando em uma gruta, enquanto os seus familiares se mudaram para Três Corações. Contam que este senhor passava horas olhando a cidade vizinha e se lembrando da família que o abandonara, assim chorava e gritava de dor e isolamento, aterrorizando os que ouviam seus clamores. Até hoje, se chocam as pessoas que sabendo da história perguntam sobre a gruta e como resposta obtêm a informação de que toda a gruta teria sido cuidadosamente extraída da serra e montada nos jardins de uma mansão da cidade de São Paulo.
Pinturas Rupestres
Apesar de parecer que a origem do nome da cidade está relacionada à carta escrita pelo Santo, "das Letras" refere-se à inscrições rupestres que podem ser observadas na entrada da Gruta de São Thomé, e em outros pontos espalhados nos erredóres da cidade.
Alguns pesquisadores acreditam terem sido feitas por índios cataguases que habitaram a região, outros crêem ser inscrições de habitantes do neolítico, outros, ainda, explicam as "letras" como sendo um musgo avermelhado, o Lichen Cladonia Sanguinea, que incrustrado na rocha teria produzido os curiosos desenhos. Outras suposições atribuem as inscrições a navegadores pré colombianos, os fenícios e até mesmo a visitantes extra terrestres.
Como esta outra inscrição encontrada na região do Areado, semelhante a um tucano, existe uma enorme sepente e uma outra que se parece com uma nave espacial pintada ao lado da suposta ave.
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